terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A Amizade #5

  

   Quando atingimos a idade adulta torna-se mais difícil fazer amigos. Já temos uns tantos que fomos fazendo ao longos dos anos, dos tempos de liceu, faculdade e até do primeiro emprego. Depois, se e quando, começamos uma relação a dois juntamos os amigos de um lado e de outro e formamos um grupo de amigos do casal. Geralmente, a coisa fica mais ou menos por aí...
   Quando se vive fora do país e longe do que nos é familiar a importância das amizades assume outras proporções e as mesmas surgem de uma forma mais inesperada. A necessidade de criar laços é maior e as oportunidades são aproveitadas mais intensamente.
  
   Pessoalmente, já tive a sorte de fazer bons amigos através do blog, no comboio e até no Consulado. Isto sem falar do amigo do amigo que vive no mesmo país e de alguns colegas de trabalho que aos poucos vão fazendo parte da nossa vida e deixam de ser meros colegas.
   Gosto sempre de quando estas amizades surgem como que por acidente e de quando as coincidências são tamanhas que é impossível ignorar! Dá definitivamente mais cor à vida!

   Normalmente, existem dois factores de empatia instantânea: ou a outra pessoa também esta longe do país de origem e compreende os desafios, as dificuldades e aventura de viver longe de "casa"; ou há como que um sentimento de acolhimento por parte dos "locais" perante alguém que arriscou um salto sem rede para fazer do país deles a sua nova casa. 
   Os amigos que vamos fazendo nestas etapas acabam, de certa forma, por preencher o espaço vazio deixado pela distancia física da família. São eles que chamamos para fazer uma mudança, para nos irem levar ou buscar ao aeroporto, para nos visitarem no hospital ou para nos trazerem compras do supermercado quando estamos de cama com gripe. São também a eles que recorremos se precisamos de alguém que nos regue as plantas quando vamos de férias ou a quem damos uma cópia das chaves para o caso de fecharmos a porta com as chaves lá dentro.

   Vir para Sydney custou-me nesse sentido pois já tinha um "grupo de amigos" de quem gosto muito e de quem vou sentir saudades. Claro que estamos a uma hora de avião e acredito que haverão várias visitas de parte a parte mas é difícil começar do zero.
   A A. vive cá, bem pertinho por sinal, e para nós isso é um grande apoio e um motivo de felicidade. Há 10 anos que não vivemos na mesma cidade e agora é uma festa :-)

   E eis que no meio da confusão da mudança e da intensidade destas ultimas 3 semanas recebi um email super simpático através do blog. Um convite para um café, que se prolongou para jantar e "ceia". Uma tarde/noite muito bem passada e a promessa de novas sessões de conversa :-)

   Por isso, hoje sinto-me muito feliz de ter deixado a minha zona de conforto e ter mudado de país e cidade umas tantas vezes. Sinto-me feliz por ter criado o blog como uma espécie de diário de bordo das minhas aventuras. Sinto-me feliz por viver de braços e peito aberto a novas oportunidades, desafios e amizades. E tenho a certeza que quando um dia mais tarde olhar para trás vão ser estes os momentos que irei recordar com carinho!

2 comentários:

  1. Tem toda a razão. Só quando saímos da nossa zona de conforto é que evoluímos e crescemos como pessoas. Eu delicio-me com as suas aventuras por esse mundo fora. Gosto da sua escrita direta e delicada e dos conteúdos que apresenta.

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