No Natal recebi os três últimos livros do José Rodrigues dos Santos. Dado ao tamanho de cada volume, quase que tenho uma prateleira só dedicada a ele pois tenho todos os seus outros livros! Gosto bastante da sua escrita e já aqui falei dos seus livros. Mais uma vez não fiquei desiludida e num instantinho os "despachei".
"A Mão do Diabo" aborda o tema da crise e embora os diálogos entre os intervenientes na acção sejam pouco plausíveis de acontecerem assim, a verdade é que explicam muito bem a realidade que se vive na Europa e explica os motivos pelos quais a nossa economia está tão debilitada. Aprendi algumas coisas com este livro, pois sou uma mulher das letras e não dos números, e confirmei muitas das opiniões que tinha. Embora seja um livro de ficção a corrupção que acusa é bem real e da mesma forma a impunidade dos "grandes".
"O Homem de Constantinopla" e "Um Milionário em Lisboa" relatam a história da vida de Calouste Gulbenkian. Novamente, Rodrigues dos Santos pega em factos históricos e escreve um (dois) romance(s) que nos transporta por Istambul, Paris, Londres e pela Lisboa de Salazar. Vivemos a dizimação do povo arménio, as negociatas do petróleo, e o nascimento da Fundação que é hoje conhecida por todos os portugueses. É uma leitura muito interessante, de uma vida cheia de reviravoltas, ambição e objectivos definidos e alcançados.
Como presente de Natal recebi também o "Sing you Home" da Jodi Picoult. Dela só tinha lido o "The Storyteller" sobre o qual aqui escrevi. Este livro é também ele muito interessante e cativante. Fala acerca da adopção por casais homossexuais, assunto muito em voga ultimamente, sobre as angústias de casais inférteis e sobre cultos que usam a palavra de Deus para os seus jogos de poderes. Não só os temas são actuais como as personagens são complexas, cheias de virtudes e defeitos. A protagonista utiliza a música como terapia para ajudar doentes e o livro é por isso acompanhado de um CD com músicas especialmente compostas para acompanhar determinadas partes do livro.
Depois de ver um documentário sobre o Bruce Courtenay, sul-africano que escolheu a Austrália como seu país adoptivo, decidi ler o seu livro favorito. "Four Fires" fala de uma família bogan (um termo muito Aussie!) que faz por mudar a sua sorte. A acção passa-se ao longo de vários anos e vai abordando temas como a Grandes Guerras, a emancipação feminina, a homossexualidade, a luta de classes, o stress pós-traumático, etc.
Ao longo do desenrolar da acção a cultura australiana é nos apresentada de uma forma honesta e despretensiosa, muito ao jeito do que é actualmente, desde o combate aos incêndios no mato, à moda pós-guerra, à vida escolar e à discriminação para com os aborígenes e refugiados de guerra. A quantidade de expressões australianas é imensa o que resultou em muitas anotações no meu Kindle ;-) Gostei imenso deste livro pois ensinou-me tanto sobre este meu novo país e transportou-me no espaço e no tempo.
Da Joanne Harris li também o "The Lollipop Shoes" que é uma espécie de seguimento do "Chocolate". O primeiro livro tinha-me enchido os sentidos e deixado de água na boca. Este não nos transporta para o imaginário da chocolataria que podemos cheirar e saborear através das páginas do livro mas sim para um mundo de magia, onde as forças do bem e do mal estão em luta constante. A nossa essência persegue-nos, não podemos negar quem e aquilo que somos e quando o vento muda de direcção não adianta fugir-lhe. Uma leitura leve mas cheia de mistérios.
Também não gostei tanto do TheLollipop Shoes... mas o meu livro preferido dela, em termos de viagem pelos sentidos, sabores e aromas é mesmo o Vinho Mágico. Já o Blue-eyed Boy foi uma estopada que me custou engolir...
ResponderEliminarConcordo plenamente! Li o "Vinho Mágico" há já uns valentes anos e lembro-me de ter gostado bastante mas achei o "Blue-Eyed Boy" uma valente cagada, desculpa a expressão ;-)
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