sábado, 5 de novembro de 2016

A decisão....

   Há mulheres que crescem a sonhar com o dia em que serão mães. Esse não foi o meu caso!
   O meu instinto protector sempre foi muito grande, era sempre aquela que se preocupava e cuidava das irmãs mais novas das minhas amigas (os meus irmãos são todos mais velhos!), era sempre aquela que na escola, se preciso, andava à bulha com os outros meninos para defender as minha amigas, era (sou) sempre aquela que se apegava muito às pessoas que lhe tocavam (tocam) no coração e que adorava (adora) poder mimá-los. Contudo, isso não fez com que o meu instinto maternal gritasse com a força de quem quer ter um filho quando atingi a adultice, quando encontrei o Homer ou até quando os anos férteis começaram a passar como quem não quer a coisa.
   A decisão de tentar engravidar foi, por tudo isto, uma decisão muito ponderada e bastante racional. Claro, que há uma componente emocional bastante grande mas creio que consegui separar bem as coisas e ponderar de uma forma muito séria sobre a possibilidade de ter um bebé e tudo o que isso implica.
   Quando começámos a namorar o Homer e eu tivemos a conversa sobre filhos e muito honestamente disse-lhe que não sabia se algum dia quereria ser mãe e que havia uma grande probabilidade da resposta ser sempre "não". Ele queria muito ser pai mas confessou que preferia ficar comigo sem filhos. Claro que esta é sempre uma situação complexa pois não queria de modo nenhum sentir que ele não concretizaria um sonho por ter escolhido estar a meu lado, por outro lado não queria pressão para tomar uma decisão para a qual eu não estava preparada. Nunca fui uma pessoa facilmente  influenciável e por isso sabia que não iria engravidar apenas porque ele queria, para o fazer feliz, ou qualquer outra desculpa esfarrapada do género.
   Os anos foram passando e de facto ele cumpriu a sua promessa de não me pressionar. Com tantas mudanças e tantas aventuras que vivemos o momento certo nunca se apresentou o que tornou sempre a hipótese de engravidar muito pouco viável. (Claro, que falo de uma gravidez planeada, felizmente nunca tivemos nenhum "acidente de percurso", lol) Com o assentar de arraiais na Austrália, o boom de bebés e grávidas à nossa volta, e a idade fértil a escapar-se entre os dedos, a vontade de ser pai começou a falar mais alto e o Homer começou a falar no assunto frequentemente. Novamente, tivemos uma conversa muito séria onde achei apenas justo ponderar sobre o assunto, de coração e mente abertos, com consciência da "urgência" de uma decisão devido à idade, mas sem qualquer pressão. Durante o meu período de reflexão ele não falaria no assunto e respeitaria o meu tempo e espaço. E assim foi...
   Na balança coloquei todos os prós, os contras, os medos, as ansiedades, os mais variados sentimentos. Analisei o motivo por detrás de cada um deles o melhor que soube. À medida que ia reflectindo ia pensando cada vez mais na nossa futura família e fui-me apaixonado pela ideia da maternidade. Tinha perfeita consciência que as minhas hipóteses de engravidar poderiam estar comprometidas e sabia até onde iria em termos de tratamentos caso não conseguisse engravidar naturalmente. Acima de tudo, tinha plena consciência que por ter esperado tantos anos poderia não poder vir a ser mãe e estava preparada a viver com isso de consciência tranquila e sem remorsos pois tinha a certeza que antes não teria sido o momento certo.
   Não engravidei à primeira tentativa mas felizmente engravidei naturalmente aos 38 anos de idade dentro de um período de tempo normal, sem stress! Quando vi dois riscos cor-de-rosa no teste de gravidez senti alguma incredulidade (fiz 4 testes em casa, só para ter mesmo a certeza!!!) mas o maior sentimento foi de pura felicidade e isso apenas confirmou o que já sentia... Tomei a decisão certa no momento certo para nós...

2 comentários:

  1. Gostei muito do texto!
    Continua a escrever quando puderes ;)

    Beijinhos,
    Sofia

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    1. Vou tentar escrever mais regularmente nos próximos tempos pois daqui a nada não me sobrará tempo ou cérebro ;-p
      Beijinhos

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