Há notícias que nos fazem sentir um soco no estômago, uma tremenda falta de ar e a total incompreensão sobre o absurdo da vida. Mesmo quando os afectados não passam de meros conhecidos, pessoas com a quais nos cruzámos um par de vezes em festas de amigos, imaginar sequer o seu pesadelo dói de uma maneira inesperada.
A vida é tão efémera e frágil que, quando nos apercebemos disso, viver assusta. Como se pode seguir em frente, sonhar, sorrir, quando o impensável se torna real.
Confesso que me senti tremendamente triste, revoltada e principalmente desorientada. Ninguém merece viver a perda de um filho. Ninguém merece viver com o coração em chagas para todo o sempre.
Na minha família, há um ramo de quatro irmãos (o meu pai incluído) que passaram por essa dor e garanto-vos que é uma ferida que não sara. As circunstâncias são todas diferentes, umas até mais compreensíveis do que outras, talvez, mas o coração de pai e mãe vive desde esse dia destroçado.
Quem de fora assiste com incredulidade e impotência, apenas pode abraçar e mimar os bebés da sua vida, dar graças por tudo de bom que a vida lhe proporcionou e sentir um tremendo respeito por tudo aquilo que a todos foge entre os dedos sem que nada o possa evitar.
A vida segue, não pára para ninguém, e nós como defesa refugiamo-nos nas nossas rotinas. Viramo-nos para as tarefas do dia-a-dia, preenchemos a lista das compras, estendemos a roupa, conduzimos para o trabalho, sem nos permitirmos em momento algum pensar na nossa própria efemeridade.
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