domingo, 3 de junho de 2012

Os Sonhos



   A vida vai girando e sorrateiramente vai-nos afastando dos nossos sonhos de sempre. Outros sonhos vão surgindo e alguns são alcançados dando lugar à ilusão que tudo nos corre de feição.
   Contudo muitos são os sonhos que vão ficando pelo caminho, esquecidos, abandonados, como se jamais tivessem importado.  E a gente vai vivendo, vai sonhando, vai esquecendo e vai seguindo pelo caminho que nos é imposto pelas circunstâncias.
   Por vezes sentimos o vazio, um grito abafado de lá longe que nos faz lembrar os tais sonhos, guardados num canto esquecido, cobertos agora de poeira e de teias de aranha. A nostalgia aperta mas fazemos por esquecê-la concentrando-nos em metas mais acessíveis e seguimos caminhando.
   Mas o caminho não é linear e damos voltas e voltas para muitas vezes voltarmos à mesma casa de partida. Afinal o sonho ainda persiste, a sua pequena chama ainda brilha no fundo do nosso coração e perante a evidência não o podemos mais ignorar. E sonhar traz consigo um preço demasiado elevado. O preço da desilusão e do fracasso é assustador e o medo limita-nos os passos.
   É mais fácil esquecer do que arriscar. É mais confortável olhar para o exterior ao invés de ver o que nos vai cá dentro.
   E depois, há sonhos com vida própria que não nos permitem desistir, que gritam alto dentro de nós e tropeçam no nosso caminho nos momentos menos oportunos. São aqueles que nos definem, que nos dão sentido de ser e pelos quais temos mais a perder.
   Enchendo o peito de ar, respiro fundo e expiro soprando a poeira que se acumulou em ti. Com carinho pego em ti e restituo-te o teu esplendor. Trago-te assim comigo num coração aberto embora tema que a qualquer momento possas destruir a frágil estabilidade que julguei ter alcançado.

6 comentários:

  1. Nunca consegui controlar os acontecimentos da minha vida. Atropela-se a ela mesma e eu sinto-me como tu, como se andasse enrolada nas ondas do mar, sempre na berma onde rebentam as ondas, mas embrulhada. Qdo estive em Bali atirei-me furiosamente às ondas, e caí 7 vezes, embrulhada na água e na areia e era atirada pra terra. Os meus amigos dentro e fora de água com a boca aberta e dizer: tem calma! Espera que o set acabe!
    E eu nao sabia o que era um set, por isso insisti, engoli uns pirolitos, mas acabei do lado de lá da rebentação, no meio do mar já contente e mto cansada, mas tinha conseguido.
    Passado 5 minutos o mar parecia um espelho, não havia ondas e podia-se entrar e sair calmamente.
    Às vezes há que saber esperar, mas a mim não me ensinaram a esperar, ensinaram-me a querer já, a querer agora e a fazer por isso.
    Às vezes esse adiar é prudente, faz sentido, e os sonhos não se evaporam, estão só à espera do momento certo, estão à espera que acabe o set.
    Muitos beijinhos

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  2. Minha querida,
    Identifiquei-me tanto com as tuas palavras... E gostei do paralelo com o set de ondas!
    Por vezes, à que esperar que o set acabe...
    Bjs

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    1. E aprender a esperar não é fácil, e não é pra todos :)
      O paralelo do set saiu-me qdo me quis explicar, mas já na altura pensei: bolas, esfanico-me sempre toda! Sim, pq acabei toda esfoladinha, mas os meus amigos todos a dizerem: incrível como conseguiste! Pensamos que te ias afogar! Tu consegues sempre!
      E é mesmo assim, tanto tu como eu, conseguimos sempre. Por isso é que vivemos onde vivemos, fazemos o que fazemos e vivemos tãoooo bem. Temos tanta sorte, não é? ;)
      Beijos!

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    2. Sempre admirei imenso a tua determinação e tenacidade :-)
      Beijos

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    3. Obrigada linda, mas eu chamo-lhe inconsciência e ter aprendido com o meu Pai (ou ter sido obrigada a aprender) que nunca se desiste. Mas se achas que o meu sonho era a Holanda...venha de lá o meu loft em S. Francisco, please!! :D

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    4. PS: e odeio dar parte de fraca! :D

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