O Homer viajou a trabalho e eu aproveitei para ir matar saudades de Lisboa. Fui brindada com um sol maravilhoso, temperaturas entre os 27 e 32 graus e noites de Verão.
Sabe bem rever a família, os amigos e a minha cidade! Contudo, o tempo é sempre escasso e nunca chega para cumprir todos os planos, revisitar todos os cantos ou estar com toda a gente... E quando regresso venho sempre mais cansada do que quando fui ;p
Mas apesar de regressar sempre de coração cheio e de matar saudades, há sempre um misto de sentimentos que me assoma. Se por um lado me sinto em casa ao ouvir falar a minha língua, em rir às gargalhadas com os amigos de sempre, já não me identifico com certos costumes e rituais. Fico chocada quando entro numa loja na Guerra Junqueiro de calções e ténis e vejo as empregadas a olharem-me de alto a baixo como se eu fosse uma pelintra. Já não consigo suportar a cultura das aparências!
Não percebo porque é que os condutores apitam a torto e a direito! Porque é que se pagam portagens na A5 para estarmos parados mais de meia hora no trânsito! Porque é que chegamos sempre atrasados a qualquer encontro!
Depois há todo um povo desiludido, preocupado e "à rasca". Cada vez são mais aqueles que me perguntam se não lhes arranjo trabalho por cá. As notícias deprimem-me, as medidas de austeridade assustam-me e fico triste quando me apercebo que as pessoas já não sorriem.
Viro costas, entro no avião e volto a casa. Mas haverá sempre uma parte de mim que pertence aquela cidade cheia de luz e brilho. Haverá sempre uma parte de mim que se indigna com os corruptos daquele país, se preocupa com o seu futuro e com o apertar cada vez mais forte do cinto daqueles que pouco têm.
E o meu coração fica apertado quando me despeço dos meus pais no aeroporto, quando não posso ir a uma festa de aniversário de um dos meus amigos, quando sei que estão todos juntos e que falto lá eu.
Meto a chave à porta e a casa está silenciosa. Está tudo arrumado nos seus sítios e sei que é aqui que pertenço. Respiro fundo e confesso que sinto algum alívio por estar longe...
Sinto que é desse alivio que quero sentir e que por aqui não a vou conseguir ter...Quero meter-me andar daqui estou cansada de viver no meio depressivo com que se vive aqui por Portugal....
ResponderEliminarQuerida Ceres, vives a diáspora, como ela deve ser vivida.
ResponderEliminar@butterfy,
ResponderEliminarÉ um alivío triste pois não deixo de amar Portugal e de me orgulhar de ser portuguesa...
@Turista,
Vivo-a o melhor que sei :-)
Também vim de Lisboa à poucos dias e sei *exactamente* do que falas... Enfim, resta a esperança que melhores dias virão.
ResponderEliminarAdorei estar contigo! Já tinha montes de saudades. Para a próxima tem de ser com mais tempo, é que desta vez soube mesmo a pouco. Beijinho grande :-)
ResponderEliminar@ Sérgio,
ResponderEliminarO pior é que ainda tardam...
@ Xarmy,
Eu também! Foi muito fixe apesar de ter sido curtinho...
Tens de me enviar a foto por mail pois nunca recebi a MMS ;D
Beijocas grandes
Sim, os próximos dois anos vão ser muito complicados.
ResponderEliminarAcho que, finalmente, as pessoas começaram a perceber a gravidade da coisa. A prova, para mim, foi ir numa 6ª-feira e Sábado a duas grandes áreas comerciais e estarem com muuuuuito menos gente - até na zona de restauração!
Por acaso tive oportunidade de observar o mesmo! Fui ao Colombo, pois a paragem na fnac é sempre obrigatória, e constatei que de facto havia muito menos gente do que o habitual...
ResponderEliminarEnfim, esperam-se tempos difíceis...
Sem dúvida uma cidade magnífica:)
ResponderEliminarAbraços
Não há luz como a de Lisboa :)
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