Quantas vezes não pensamos: "quem me dera ser pequenina outra vez"?! Não ter os desafios, os obstáculos, as desilusões e as expectativas falhadas com que nos deparamos...
Poder dizer zangada "já não sou mais tua amiga!" quando nos chateiam, bater a quem nos rouba o brinquedo, virar as costas a quem nos aborrece e voltar sempre ao mimo do colo da mãe.
Saudades da minha infância. Das partidas do meu irmão que me dizia que as pessoas estavam atrás do móvel da televisão e que praticava em mim os seus novos golpes de judo e karaté. Dos chocolates e demais guloseimas que a minha irmã do meio me trazia e do carinho com que sempre me aturava. Das brigas com a minha irmã mais velha e das vezes que tinha de ir atrelada quando ela ia namorar (é que os meus pais deixavam-na sair com a condição de ela me levar...).
Da casa sempre cheia e barulhenta. Tios, primos, avós, amigos da família. Do panelão da sopa. Do cozido ao almoço de Domingo. Do gira-discos que tocava fado logo pela manhã ao fim-de-semana. De ir com a minha mãe à praça e ver a avó da Rosinha a cortar o caldo verde.
Tenho saudades da minha inocência. Das minha amigas Marta, Joana e Meluxa que conheço desde que me lembro de ser gente mas de quem a vida me separou. Dos meus avós que tomaram conta de mim até eu ir para a escola. Dos seus mimos, dos nossos passeios semanais à Feira Popular, das idas ao Jardim Zoológico, dos piqueniques no Castelo de São Jorge e de dar milho aos pombos na Praça da Figueira. Dos filmes que via no cinema Império: o Bud Spencer, o "Gente Gira", o "Dumbo"...
Mas cima de tudo sinto falta de mim. Da criança alegre, bem disposta e destemida que fui. Da isenção de maldade, da sinceridade e da entrega total e sem reservas.
Odeio quando a vida me corrompe, quando vejo pessoas a agirem com maldade, quando me deparo com hipocrisias. Detesto estar de pé atrás, a necessidade de ser céptica, o pensamento calculista que me tenta proteger de alguma forma e evita a minha exposição.
Ai quem me dera, ter outra vez 5 anos e um mundo a descobrir a meus pés ;-))
Foto: Eu, com quase 3 anos
Eh la que tu eras jeitosa aos 3 anos :) uns olhos e sorriso bonitos...
ResponderEliminarpercebo o que falas..ha muito juizo precipitado acerca das pessoas, muitos rotulos que nos colocam na testa, muitas assumpcoes sem nada saberem da nossa historia, muito julgamento das opcoes das pessoas...sente-se a milhas...mas olha, mais vale poucos, mas bons, e amigo e aquele que nao julga, mas procura entender os contextos, e ajuda nas nossas opcoes, e aceita- nos tal como somos...nao ligues aos rotulos...se tu propria...por ex, o blog,..quem gosta, gosta, quem nao gosta, poe a borda do prato...as pessoas sao livres de ter a sua opiniao , e tu es livre de fazeres as tuas opcoes...eu, por exemplo, nao uso palavroes, nem leves, nem pesados.. estou a sempre a pensar, se for uma crianca a ler, enfim, nao e agradavel, e nao so...mas se calhar ha quem ache que sou cerimoniosa, ou formal,...eu desconfio muito de quem rotula, sabes...por mim, esta a vontade, aqui e na tua vida, seja qual o caminho que tu optes, ser dona de casa, voluntaria, astronauta...estas feliz...e o que importa... quem esta contigo, esta. quem nao esta, nao esta....
E nao te percas...senao perdes a tua paz...fazem- se os compromissos possiveis, mas sabendo quais os nossos limites...lembra te que a unica pessoa que tens garantida que se vai deitar contigo todos dias, es tu propria...
ja leste algum livro de analise transaccional? Comeca pela Isabelle Filliozat O que se passa comigo? passa depois para a Educacao Emocional do Steinner...talvez ajude...
Desculpa falta de acentos... e se te soar a lenlagenga, ignora, ok...tenta ficar bem,ok?
beijinhos. tenho de ir.
Olá :)
ResponderEliminarObrigada pelos conselhos mas penso que deves ter visto muito para além das minhas palavras. Apenas sentia saudades da minha infância, que foi feliz, e saudades da inocência que vivia então. Às vezes gostava de voltar a ser pequenina. Só isso!
Eu estou bem, sou feliz com as minhas escolhas e sinto-me uma pessoa felizarda. Óbviamente que também tenho o meu lado lunar e por vezes este é o sítio ideal para expiá-lo. Mas nada mais do que isso.
Beijinhos
ainda bem, entao...porque aquele teu sinto falta de mim e odeio quando a vida me corrompe...mas pronto ta tudo bem, ainda bem :) foi o teu lado lunar em accao :)
ResponderEliminarAquele meu "sinto falta de mim e odeio quando a vida me corrompe": significa que tenho saudades de ser criança, da altura da minha vida em que tudo era simples; e odeio quando a vida me corrompe pois a inocência já não é a mesma e por vezes temos de nos deparar com situações em que o pensamento tem de vencer o sentimento.
ResponderEliminarMas obrigada pela tua preocupação na mesma :)
Apesar de ter adorado as tuas palavras e de ter entendido tudo o que quiseste dizer, comigo não acontece muitas vezes ter saudades de quando era criança. Sinto falta de momentos, de pequenas sensações, de algumas amigas antigas, mas no geral não sei se me apetecia voltar.
ResponderEliminarO mundo é bem mais duro sim, mas se tiveste uma infância sólida, ela vai-te dar as raízes para não te esqueceres qual é o teu lugar ;)
Ana, concordo contigo quando disses que a infância te dá as raízes para não nos esquecermos do nosso lugar. Sem dúvida, que faz de nós o que somos hoje.
ResponderEliminarMas há dias em que me bate a saudade e sinto uma nostalgia de tempos mais simples... depois passa-me ;-p
Que carinha laroca, e que olhos bonitos tinha a Ceres pequenina.
ResponderEliminarUm beijinho
Agora fiquei toda babada :)
ResponderEliminarBeijoquinhas