terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Mais uma moedinha, mais uma voltinha!

   Isto era o que os senhores dos carrinhos de choques gritavam nas feiras a chamarem por nós jovens pré-adolescentes hormonais. E haverá coisa mais parva onde gastar a mesada do que uns carrinhos que andam à roda de uma pequena arena, ligados por cabos eléctricos, ora a fugir ora a chocar de propósito com outros carrinhos?! Mas as hormonas gritavam alto e lembro-me de que era uma maneira divertida de contactarmos com o sexo oposto de forma inocente ;-) Por isso, esta frase traz-me boas recordações de um tempo em que mais uma moedinha era mais uma possibilidade de chocar com o carro do puto giro lá do bairro!
   A expressão entrou assim desprevenida para o meu vocabulário e sempre que me encontro numa situação repetitiva lembro-me sempre dos carrinhos de choque das feiras ;-p
   Este pequeno interlúdio para vos dizer que nós andamos em mudanças outra vez!!!


   Desta vez não vai ser uma mudança tão radical, não envolve outro país ou continente, apenas outra cidade, noutro estado. Deixamos para trás Brisbane, Queensland, em rumo a Sydney, New South Wales. De novo são as oportunidades profissionais que nos levam a mais uma voltinha com a casa às costas!
   A minha mãe dizia-me noutro dia que com a minha experiência já podia dar cursos sobre mudar de casa, cidade ou país. E de facto, já tinha material para um livro, eh eh eh eh
   O mais importante, a meu ver, é a organização. Eu sei por onde devo começar a empacotar as coisas, as caixas estão enumeradas e sei o que está em cada caixa. Não só facilita para o caso de precisar de encontrar alguma coisa mas ajuda muito na altura de desempacotar tudo de novo. Eu tiro fotos às estantes para saber qual a posição em que estavam os livros, loiças e bibelots. Eu tenho uma lista de serviços que temos de contactar e uma lista de entidades a que temos de avisar da nossa nova morada. E assim, as coisas sequem em piloto automático e sem muito stress.
   É sempre uma trabalheira e uma seca mas têm sido as escolhas que temos feito e não me arrependo de nenhuma das nossas mudanças. Em 11 anos de vida em comum, está será a oitava casa, em quatro países e dois continentes ;-)
   Agora que as coisas estão encaminhadas estou entusiasmada com o que nos espera nesta nova etapa!

sábado, 27 de dezembro de 2014

E passou mais um Natal...


   Este é o nosso terceiro Natal no Verão e ainda não consigo sentir o espírito natalício quando estou de calções e havainas! É estranho estar a morrer de calor, entrar num qualquer centro comercial, dando graças pelo ar condicionado, e deparar-me com decorações de Natal, muitas com delas com alusões à neve a ao frio.
   Quando ainda vivia em Portugal não ligava muito a esta quadra mas a vida de emigrante faz com que as saudades e alguma nostalgia apertem mais forte nestas alturas. Contudo, o facto de aqui fazer calor e de irmos para a praia faz com que o Natal não passe de mais uma dia no calendário.
   Este ano como andamos entretidos com questões maiores não tínhamos grandes planos mas aceitámos o convite de uns amigos portugueses. Éramos 4 casais, sem família cá, sentados à mesa de volta do bacalhau e bolo rei. Conversámos, rimos e trocámos presentes. Foi uma noite bem passada mas não me soube a Natal....
   Faltaram-me os sonhos, as filhoses, o arroz doce... Faltou-me a família e o aquecedor ligado... Faltou-me os programas tolos da TV e as conversas com os meus pais em volta da mesa posta para a ceia...
   Por isso, a vida voltou rapidamente ao normal e as nossas tarefas não tiveram direito a grandes pausas!

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Carpe Diem...

   Ontem o mundo parou com os olhos postos num café em Sydney. Um louco tinha feito dos clientes e empregados de um café no CBD (um total de 17 pessoas!) reféns e obrigou-os a colocar uma bandeira islâmica na montra.
   As especulações foram muitas e ao longo do dia ninguém largou as notícias, na televisão, nos jornais online, nas redes de social media. A situação prolongou-se por 17 horas consecutivas e teve um final trágico.
   O sentimento de incredulidade estava estampado no rosto de todos. O medo de uma ataque terrorista era grande mas as mensagens constantes do Primeiro Ministro, do Presidente do estado de New South Wales, dos comissários da polícia ao longo do dia pediam para que as pessoas não se deixassem dominar pelo medo.
 
   Sei que é um chavão, mas de cada vez que me deparo com a fragilidade da nossa vida penso sempre que não devemos desperdiçar as coisas boas que temos. Temos de aproveitar ao máximo a magia de cada novo dia e temos de dar graças por tudo o que temos. Pois, de um momento para o outro tudo muda. Carpe Diem...
   O meu sogro morreu de um momento para o outro, com um ataque cardíaco fulminante sem nunca ter tido problemas cardíacos. A minha irmã morreu com um cancro no esófago aos 38 anos. Uma das minhas melhores amigas soube na mesma semana que ambos, o pai e a mãe, tinham um cancro terminal. Uns conhecidos nossos acordaram uma manhã e encontraram o seu bebé de 14 meses morto no berço.
  Por todas estas e mais algumas experiências, tento gozar o presente por que há alturas em que a vida é simplesmente fodida!

   Mas algo de muito bonito e positivo aconteceu ontem na Austrália enquanto este louco mantinha inocentes como reféns. Surgiu uma campanha nas redes sociais, nomeadamente no Twitter, contra qualquer acto de discriminação contra o povo muçulmano. Um povo, uma comunidade, não pode ser condenado pelos actos de um lunático megalómano cujos ideais estavam tão destorcidos que só sabia responder com violência.
   A campanha chama-se "I´ll ride with you" e começou com pessoas a oferecerem-se para acompanhar cidadãos muçulmanos que tivessem receosos de apanhar transportes públicos com medo de represálias. Podem ler mais AQUI.


   Hoje, no rescaldo destes acontecimentos há um sentimento de tristeza pelas vidas perdidas, pelas vítimas que jamais recuperarão por completo, por nós que perdemos a ilusão de que estamos seguros quando entramos num café.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Fraser Island


   Há duas semanas tivemos um fim-de-semana aventura em Fraser Island. Fraser é a maior ilha de areia do mundo e fica a 2h30m/3h de nossa casa.
  Foi uma boa experiência com mais oportunidade de testar a minha veia de campista. Desta vez acordei de madrugada com uma espécie de rato marsupial a subir pelo lado de fora da tenda! Agarrei a mão do Homer e gritei "ai, um rato!!!" mas ele continuou a dormir como se nada se passasse! Liguei a lanterna e apontei para o lado de fora para que bichito fosse à vida dele e me deixasse em paz e depois adormeci de lanterna ligada em punho, lol
   Apesar de tudo, acho que estou a ficar cada vez mais capaz de superar os desafios do campismo :-)

   Para verem fotos e saberem mais um pouco sobre Fraser Island, vejam o meu relato Aqui

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

domingo, 23 de novembro de 2014

Todas as Palavras de Amor - Ana Casaca

   Descobri a Ana C. através do seu blog e desde logo me tornei assídua seguidora. Ultimamente, a Ana C. não tem blogado muito e sinto falta das suas palavras. Quando recebo um update no feedly fico logo entusiasmada de ir ler as suas "crónicas".

   Na altura fiquei curiosa de ler o seu primeiro livro que carinhosamente já passeou comigo da Holanda à Áustria onde foi lido, veio em caixas de livros na mudança de país para Inglaterra e depois para a Austrália. Quando soube que ela tinha lançado mais um livro no ano passado entrou logo para a minha lista de compras! Encomendar livros de Portugal para entregar na Austrália é dispendioso e por isso esperei que uma mala de viagem me trouxesse as palavras da Ana.
Lone Pine Koala Sanctuary
   Li o livro de um tiro e com muito entusiasmo! Gostei dos desencontros, da busca de nós mesmos, das palavras que escrevemos e não dizemos, da rotina do dia-a-dia que vai apagando a luz do nosso viver. A Ana sabe escrever sobre o Amor. A Ana sabe fazer-nos sonhar com um Amor cúmplice onde as palavras são o instrumento e o porto seguro. A Ana sabe tocar-nos e agarrar-nos às páginas que escreve.
   
   Gostava de acreditar que na vida muito se poderia resolver em cartas de amor. Gostaria de acreditar que todos temos a capacidade de nos exprimir de uma forma tão cristalina como nas cartas de amor da Ana. Tristemente, não consigo... Talvez algo se tenha já quebrado em mim... E isso é, na minha humilde e leiga opinião, a única falha deste livro. As personagens tem todas elas uma voz semelhante e uma capacidade de expressão (mesmo aqueles que acusam esta lacuna) que não reconheço na vida real,  fora das página dos livros.

   O mais fascinante para mim é que através do blog e dos seus livros a Ana partilha connosco tanto de si, do seu mundo e do seu coração sem se expor de forma fortuita ou despropositada. Partilha o seu intelecto, o seu sentido de humor apurado e até o seu sarcasmo. Admiro o seu trabalho (ou aquilo que dele conheço) e desejo-lhe os maiores sucessos. Entretanto, a Ana já lançou um novo livro e tenho a certeza que uma edição me chegará em breve às mãos :D

   Well done Ana C :D

sábado, 15 de novembro de 2014

Fascínios do dia-a-dia

   Há duas coisas que eu adoro em mim mesma. A primeira é a capacidade de rir de mim própria. Eu sou a primeira a partilhar as minhas "aventuras" e a rir pela minha ingenuidade ou comicidade. Desastrada e acelerada como sou, vivo sempre situações caricatas e seria uma pena se perdesse tais oportunidades de riso ;-p A segunda é a capacidade de viver fascinada e feliz com pequenas coisas. Vivo constantemente fascinada pelo mundo à minha volta, fico boquiaberta a ver relâmpagos a iluminar o céu, um arco-íris, um pôr-do-sol e fico feliz com o cheiro de um bolo no forno, lençóis lavados na cama, um lugar de estacionamento à porta.
   Isto, porque viver neste país é viver fascinado pela Natureza, pela sua unicidade, pela sua magia. Ao fim de dois anos há muita coisa que se torna comum, até banal, mas para mim continua a ser especial. Sinto-me privilegiada por poder viver nesta comunhão com a Natureza no meio da cidade.

Ibis
   Como em Lisboa temos os pombos, aqui temos os ibis. São bem maiores mas andam por todo o lado. Em qualquer jardim ou esplanada lá estão eles a ver se lhes calham algumas migalhas. São inofensivos e convivem bem com os humanos, não têm medo de nós e aproximam-se quanto baste. 


Flying Foxes
  Estes morcegos da fruta são o máximo. Durante o dia só os conseguimos ver nos jardins, a dormirem escondidos, mas assim que o sol se põe é vê-los a sobrevoar a ruas das cidades. Voam baixo e é lindíssimo ver as suas asas enormes pretas passarem sobre nós. Como só comem frutas adoram ir a quintais onde há árvores ou pequenas hortas alimentarem-se. Isso claro, é uma chatice para quem quer proteger as suas colheitas. Há umas redes que se podem colocar nas árvores que impedem que eles comam tudo mas atenção que têm de ser uma redes específicas porque senão há o risco de eles ficarem presos e partirem as asas :-( Nós temos uma árvore no quintal que dá uma espécie de bagas na Primavera/Verão e à noite ouço as suas visitas. Se nos aproximamos fogem de imediato por isso deixo-os sossegados a encher a barriga.

Eastern Bearded Dragon
   Os lagartos, de toda a espécie, feitio e tamanho, vivem espalhados por todos os jardins da cidade. A entrada do nosso prédio é ajardinada e há dias estava lá um destes, bem grande, ao sol. Confesso que não sou fã de répteis e no início isto mexia comigo pois tinha medo. Agora lido bem com eles. São inofensivos, ficam na deles e até têm tendência para fugir se nos aproximamos.
   Existe contudo uma espécie pequena, os geckos, que me dão umas valentes dores de cabeça. Os sacanas fazem um barulho irritante, tipo qiqiqeqeqe, e enfiam-se no aparelho de ar condicionado do nosso quarto. Muitas vezes, acordo de madrugada com este barulho. Já tentei de tudo mas não me consigo livrar deles, até bolas de naftalina tentei...

Lorikeet

Kookaburra
 A passarada aqui é imensa, colorida, barulhenta e muito bonita. Os lorikeets são os meus favoritos, não só pelas suas cores mas pelas suas cantorias. Um canta, o outro repete e assim sucessivamente. São verdadeiras orquestras. As kookburras emitem um som, semelhante a um choro, que faz lembrar um macaco. Têm um bico enorme e são carnívoras. Em zonas de churrasco, é comum vê-las por perto à espera de uma distracção. Num voo rápido e sem hesitação levam salsichas e afins no seu bico. Já assisti a isso e é super engraçado! Excepto se for a nossa salsicha, claro ;-p

   Também muito comuns são os possums. Ao anoitecer é só olhar para as linhas de electricidade e lá estão uns quantos equilibrados tranquilamente, a deslizar quais artistas de circo. Assim que nos vêem param imediatamente que nem estátuas e assim ficam de olhos arregalados. Isso até deu origem à expressão "playing possum". 

   Outro animal que é comum ver pelas ruas e jardins e que para nós europeus é muito estranho são os perus! Sim, aqui há uma espécie de perus selvagens que se passeiam pela rua com o à-vontade de um humano. Há uns tempos tive um no quintal, a esburacar-me os canteiros em busca de comida. São como os ibis, não têm medo de nós, não nos fazem mal e andam sempre em busca de restos de comida.

  Já me habituei a ter estas criaturas a fazerem parte do meu dia-a-dia e confesso que acho o máximo! Fazem-me sentir mais em contacto com a Natureza e a cidade deixa de ser apenas blocos de cimento onde pessoas vivem aos magotes e onde os carros entopem as estradas.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A loucura do Game of Thrones


   Quando ouvi falar a primeira vez achei que não seria o meu género, afinal não sou dada a fantasias e não gostei do Senhor dos Anéis (nada a ver!!)... A primeira temporada passou, com muito boas críticas mas eu não vi....
   Quando começou a segunda temporada, o Homer estava todo excitado e convenceu-me a ver. Gostei! Vi todos os episódios de seguida (1ª e 2ª temporadas) e fiquei presa à história, às intrigas, aos personagens. Achei a sombra que mata o Renly um bocado demais mas afinal já tinha aceite a presença dos dragões por isso....
   Terceira temporada... Red Wedding... boquiaberta... OMG isto promete!!!
   Quarta temporada, cada episódio, nova reviravolta! Eh pá isto está a ficar cada vez melhor! Raio do Joffrey que nunca mais morre, olha morreu!... Ai o anão que vai preso, ai o Mountain que está a levar a tareia que merece, ai caraças que o cérebro do príncipe explodiu! Olha, o velho que levou um tiro de besta na sanita!!!

   A série acaba e em conversa o D. conta-me que ficou completamente apaixonado pelos livros. Ele que adormece de cada vez que pega num livro (como é possível??!!) leu todos os livros num ápice (velocidade de não-leitor, claro!) e garante que são muito bons. Ainda por cima, o J. já me tinha arranjado os primeiro 4 e-books gratuitos...
   Bom, devorei (metade do tempo de D. ;-p) os 5 livros, 7 volumes, e posso dizer que adorei :D Mal posso esperar pelo novo livro!!! 

   A série é feita para o público americano por isso é condensada, muitas coisas são alteradas e inventadas, tais como as cenas de sexo da primeira temporada, a homossexualidade do Renly, a meretriz Rose, etc. Tudo para ter mais impacto visual! Os livros são escritos na voz dos mais diversos personagens, o que nos faz ver os mesmos eventos através de diferentes perspectivas e conhecer a fundo a complexidade de todos os envolvidos neste jogo pelo poder.
   As intrigas e a estratégia são o mais cativante, na minha opinião. E há todo um mundo que não nos é dito e que leva às mais diversas teorias. Quem é a mãe do John Snow? Será que o anão afinal tem sangue de dragão? Até onde vão os poderes do pequeno Bran?
   As surpresas são tantas, tantas! À medida que ia lendo os livros e afastando-me dos eventos retratados na série sentia-me que cada vez mais presa à história. Houve momentos em que tive de pegar no telemóvel e enviar mensagens ao D. sobre as revelações que ia descobrindo. Até raptei momentaneamente o  L., durante um jantar em Lisboa, para falar acerca dos livros e de todas aquelas coisas que os presentes que apenas vêem a série não sabem...
   A Anita dizia-me, e com razão, que quem não leu/lê os livros e apenas conhece a história retratada na série não sente estar a perder nada. Claro que faz todo o sentido mas depois de ser ler os livros não mais se olhará para a série da mesma maneira! É que os livros são mesmo mesmo muito bons :D

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

70 Primaveras

Keukenhof, Holanda - 2009
   Ontem a minha querida mãe completou mais um aniversário!

   Há dois anos cantei-lhe os parabéns ao vivo e a cores e vi-a soprar as velas. Ontem esperei ansiosamente pelo final da tarde (manhã em Portugal) para lhe telefonar a dar os parabéns. Sem dúvida, é nestas ocasiões que custa estar longe. É inevitável ficar triste nestas datas especiais e sentir as saudades apertarem mais forte.

   Mas também por viver longe sinto que valorizo muito mais todos os momentos que passamos juntas. Sinto que aprendi verdadeiramente que a distância física nada pode contra o nosso amor. Todos os dias estamos juntas em pensamento e onde quer que eu esteja ela está sempre comigo.

   70 anos, cheios de garra, com muita energia e muito positivismo. É uma alegria vê-la chegar a esta idade com tanto ainda para dar e viver.

  Muitos parabéns baixinha :D

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Fragilidade...

   Há notícias que nos fazem sentir um soco no estômago, uma tremenda falta de ar e a total incompreensão sobre o absurdo da vida. Mesmo quando os afectados não passam de meros conhecidos, pessoas com a quais nos cruzámos um par de vezes em festas de amigos, imaginar sequer o seu pesadelo dói de uma maneira inesperada.
   A vida é tão efémera e frágil que, quando nos apercebemos disso, viver assusta. Como se pode seguir em frente, sonhar, sorrir, quando o impensável se torna real.
   Confesso que me senti tremendamente triste, revoltada e principalmente desorientada. Ninguém merece viver a perda de um filho. Ninguém merece viver com o coração em chagas para todo o sempre.
   Na minha família, há um ramo de quatro irmãos (o meu pai incluído) que passaram por essa dor e garanto-vos que é uma ferida que não sara. As circunstâncias são todas diferentes, umas até mais compreensíveis do que outras, talvez, mas o coração de pai e mãe vive desde esse dia destroçado.
 
   Quem de fora assiste com incredulidade e impotência, apenas pode abraçar e mimar os bebés da sua vida, dar graças por tudo de bom que a vida lhe proporcionou e sentir um tremendo respeito por tudo aquilo que a todos foge entre os dedos sem que nada o possa evitar.

   A vida segue, não pára para ninguém, e nós como defesa refugiamo-nos nas nossas rotinas. Viramo-nos para as tarefas do dia-a-dia, preenchemos a lista das compras, estendemos a roupa, conduzimos para o trabalho, sem nos permitirmos em momento algum pensar na nossa própria efemeridade.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Cooking and Nature Emotional Hotel




   Quando voltamos a Portugal gostamos de descobrir novos recantos. Novos restaurantes, novos hotéis, pequenas localidades que ainda não tínhamos visitado. É uma vontade de fazer turismo e sentir que afinal houve tempo de férias, tempo que desfrutámos do país como meros visitantes, tempo que não foi passado a correr entre os muitos compromissos e visitas a familiares e amigos.
   Desta vez fomos até Alvados descobrir este novo hotel e este novo conceito. Junta uma localização idílica, perfeita para descansar e recarregar baterias, com a paixão pela culinária e boa comida! Para nós a combinação não poderia ter sido mais perfeita.
   Adorámos o hotel, pela decoração, pelo conforto, pelo serviço. É extremamente acolhedor e o ambiente faz com que nós sintamos em casa. 
   Tivemos azar com o tempo e a chuva não nos permitiu fazer os passeios pedestres que tínhamos planeado pela Serra dos Candeeiros e acabámos por ficar mais tempo a descansar. E como não podemos aproveitar a piscina aproveitámos o salão de massagens!
   As aulas de culinária foram muito giras! Os trabalhos mais chatos de preparação estavam já feitos, assim não há que descascar batatas, pesar ingredientes, nem lavar a loiça. A comida era excelente e tivemos sempre uns jantares super divertidos. 










     Aconselho vivamente a visita :-)

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Uma outra perspectiva

   Como lisboeta, estou habituada a olhar para o Tejo. Graças aos novos cruzeiros, pude passear pelo rio e olhar a cidade.

   É uma perspectiva diferente da qual gostei bastante! O tempo não esteve do nosso lado mas mesmo nublada Lisboa é linda :D








terça-feira, 30 de setembro de 2014

Turista na minha cidade

   
   Passear pelas ruas de Lisboa, de telemóvel em punho, a fotografar as ruas e os edifícios que sempre conheci é maravilhoso.  É um misto de regresso, saudade e descoberta.  É voltar aos locais que me viram crescer, onde se respira a essência do ser "alfacinha", onde me redescubro e onde descubro uma nova Lisboa.  Sempre fascinante,  sedutora e cheia de encantos :-)
   É giro passar por turista,  ter pessoas a perguntarem-me se falo português!, ao mesmo tempo que me sinto em casa!

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domingo, 28 de setembro de 2014

De volta...

Ericeira, Setembro 2014

   Faz hoje uma semana que chegámos a Brisbane, podres de uma viagem do outro lado do mundo. Na mala não vieram o bacalhau, os chouriços ou o queijo da ilha pois as regras alfandegárias não o permitem ;-p mas no coração vieram as memórias de todos os momentos que nos aqueceram a alma!

   Não íamos a Portugal há 22 meses (a maior temporada afastados, desde que vivemos fora) e as saudades eram muitas. Talvez as 3 semanas que passámos em Lisboa não tenham sido o suficiente para matá-las mas deu para recarregar as baterias.

   Como já vem sendo habitual, passámos grande parte do tempo a visitar "todas as capelinhas", com jantares e almoços aqui e acolá. Não vimos todos os que queríamos mas adorámos rever todos os que pudemos :D Tirámos a barriga de misérias e comemos bacalhau, açorda de marisco, amêijoas à Bulhão Pato, queijo da ilha, pastéis de nata, salame de chocolate, bolo de bolacha, carcaças!, polvo, sardinhas, etc, etc... Ainda não tive coragem de subir à balança para ver quais os estragos, lol
   
   Fomos conhecer alguns pontos novos da cidade. Almoçámos no Mercado de Campo de Ourique, jantámos no Mercado da Ribeira, subimos ao Arco da Rua Augusta, fizemos um cruzeiro no Tejo, bebemos um copo na Pensão do Amor, etc. Outros novos e velhos recantos ficaram por visitar, o tempo não estica e o São Pedro também não foi amigo.

   Senti Lisboa revitalizada, senti que a conversa da crise já não andava na boca de todos adorei ver novos projectos e negócios. Lisboa estava à pinha de turistas, nunca antes tinha visto tantos turistas nas ruas da cidade, de mochila às costas e mapa na mão, e achei isso o máximo! Fiquei desiludida com a nossa visita à Expo :-( A maioria do cafés, bares e restaurantes perto do Peter´s fecharam e o sentimento de abandono é palpável. Mesmo a manutenção dos jardins está muito descuidada.

   É sempre bom regressar mas curiosamente, desta vez, senti saudades da Austrália. Acordei uma manhã, olhei para o Homer e disse-lhe: "sinto saudades de casa!" e verdadeiramente era isso mesmo que sentia. Saudades da nossa casa, da nossa rua, das nossas rotinas, da nossa Aussie Life ;-p 

   Cada vez é maior o sentimento de desconexão... Lisboa é, e será sempre!, a minha cidade; Portugal será sempre o meu país, a minha cultura, a minha língua, a minha raiz... Mas... Já não lá pertenço, há tanto com que já não me identifico, há tanto que me parece estranho, há tanto que já não faz sentido...  Mudei tanto, a uma velocidade tão grande nestes últimos 8 anos, que é como se a minha cidade, e o meu país, fosse uma peça de roupa que me deixou de servir! Mas a qual nunca deixará de morar no meu guarda-roupa em lugar de destaque :-)

Ericeira, Setembro 2014

sábado, 30 de agosto de 2014

A caminho...


   Tenho andada afastada aqui do blog... Não porque não tenha coisas para partilhar mas apenas por falta de tempo (ou melhor, falta de melhor gestão do tempo ;-p)...
   Mas a férias aproximam-se a uma velocidade estonteante e daqui a umas horas rumo ao aeroporto! Destino final: Lisboa :D
   Que saudades!!! Que bom que vai ser regressar!!!

   Até já, minha cidade...

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Vamos ver as baleias?!


   Em Straddie só as tínhamos visto ao longe por isso decidimos ir fazer um cruzeiro do Brisbane Whale Watching pois ofereciam a garantia de vermos baleias. 
   Não desiludiu! Havia imensas baleias e fomos brindados com as suas piruetas e acenos. É impressionante ver como elas são graciosas apesar do seu tamanho e é incrível ver como elas estão habituadas ao barco e se chegam tão perto. 


   O barco pára em alto-mar durante umas duas horas para podermos observá-las com calma, tirar fotos e almoçar. MAS... o mar estava agitado! Antecipando enjoos, tomei uns comprimidos antes, e ao longo da viagem, mas não fizeram efeito :-( Passei uma parte da viagem super enjoada e com vontade de me atirar à água tal era o mau estar de causado pelo constante balancé....



   Apesar do enjoo, valeu muito a pena a experiência. Mais um item a riscar da minha bucket list!

terça-feira, 22 de julho de 2014

Marcas para sempre

             

   Noutro dia cruzei-me com este texto no Facebook e achei interessante. Há sempre um número de pontos em que todos aqueles que vivem fora do seu país têm em comum. E é por isso fácil identificarmo-nos com testemunhos de pessoas que nem sequer conhecemos.

   Pela parte que me toca eu e o Homer temos "demasiadas palavras" (you don’t want to overwhelm everyone with stories from your ‘other country’ and come across as pretentious). Temos sempre uma história relevante da Holanda, da Inglaterra, da Austrália. Lembramo-nos sempre de alguém que conhecemos pelo caminho e que nos mostrou uma nova maneira de ver as coisas.

   Da mesma forma temos falta da palavra certa pois as expressões surgem-nos em línguas diferentes (You no longer speak one particular language). É comum faltar-nos a expressão em português ou melhor ainda fazer a tradução literal de uma expressão inglesa para português, o Homer em especial. (tenho de compilar algumas para partilhar, é um fartote!) Também é comum quando estamos cansados ou quando nos sentimos muito à vontade com alguém desatarmos a falar em português com eles perante o seu olhar estupefacto.

   Curiosamente, este blog nasceu pela minha vontade de continuar a escrever em português e pelo meu esforço de não deixar que o meu conhecimento da língua portuguesa se fosse perdendo com o passar do tempo. Também por isso gosto de ler em português mas cada vez se torna mais difícil não deixar que a língua sofra com as influências externas. Afinal de contas, já são 8 anos em que no meu dia-a-dia só falo português com o Homer.

   E claro que a nostalgia e saudade passam a ser constantes (Nostalgia strikes when you least expect it). Companheiros de viagem, que mesmo que regressássemos hoje ao nosso país de origem jamais nos abandonariam. É que não há volta a dar. Podemos não pertencer ao novo país onde vivemos mas a verdade é que também já não pertencemos ao país que nos viu nascer e crescer. Somos gente avulso, com raízes espalhadas pelo mundo.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Cats - O musical

   Tendo vivido tão próximo da capital dos musicais não fomos muitas vezes ao teatro. O tempo vai passando e os planos vão ficando para a próxima. E a vida vai continuando....
   Assim, quando ganhei um voucher de $100 para usar no Ticketek aproveitámos a vinda da produção do Cats a Brisbane e marcámos para ir ver um clássico. Mas este foi um clássico com um twist ;-)


   O palco era central, uma espécie de arena e para além dos protagonistas e personagens do musical havia um cast de cerca de 800 jovens "gatos", de várias idades, em redor do palco. Estes "gatos" eram alunos do Harvest Rain Youth and Kids Theatre e trouxeram cor, alegria e impacto ao musical. Imaginem 800 gatos a dançar em simultâneo!
   Foi um espectáculo muito giro e visualmente impressionante. Quanto à estória quanto a mim é fraquinha, mais não sendo umas canções que definem os diferentes tipos de gatos. O momento alto, é sem dúvida a Grizabella a cantar o famoso Memories.
   Apenas posso assumir que o sucesso deste musical se deve aos muitos amantes de gatos por esse mundo fora! Vimos um casal, com um filho da nossa idade, na fila para entrar com máscaras de gatos, qual baile de máscaras, lol

domingo, 13 de julho de 2014

North Stradbroke Island

   Como tinha falado, tivemos mais uma experiência de campismo. Desta vez no Inverno! Por aqui não costuma fazer muito frio e decidimos arriscar. 
   Contudo, tivemos muito azar com tempo :-( No Sábado o dia esteve tristonho, com alguns períodos de chuva mas o pior foi à noite. Por volta das 9 recebemos um sms de alerta da tempestade e passámos a noite meio-acordados pois o vento e a chuva eram tão fortes e a tenda abanava por todos os lados. Dentro dos sacos-cama não tínhamos frio e a tenda manteve-se de pé e impermeável. 
    Depois dessa noite, o Homer diz que o campismo já não tem segredos para mim e que sou capaz de sobreviver a tudo ;-p

   A North Stradbroke Island (Straddie) é uma ilha muito rica em variedade de pássaros mas a grande surpresa foi encontrar um koala no parque de campismo. É muito difícil vê-los no seu habitat natural e até agora só os tinha visto em cativeiro. Ficámos em Amity Point que é considerado um dos melhores parques de campismo da Austrália, penso que em parte por estar à beira de uma das praias da ilha.





   A zona mais conhecida da ilha é Point Lookout. Aqui temos acesso à maior praia da ilha, Main Beach, e ao melhor ponto para ver as baleias. Conseguimos ver algumas mas muito ao longe... Mas o passeio é lindissímo! Apesar do dia estar escuro podem ver as cores fantásticas do mar (sem filtros).









   E ainda deu para levar o carro para o areal no final do dia antes que a maré subisse!


   E aqui está uma foto da tenda especialmente para o Eugénio ;-) Esta foto foi depois da tempestade. A tenda ainda está de pé e por sorte não levámos com nenhum ramo de árvore em cima durante a noite! O dia de Domingo amanheceu lindo, frio, mas com um céu azul fantástico.