quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Do telejornal para a minha prateleira

Nunca gostei das figurinhas humorísticas-sentimentalóides que ele fazia quando apresentava o telejornal. Nunca simpatizei com ele quando durante os 4 anos em que nos cruzámos nos corredores da faculdade. Sempre o achei snob e vaidoso.
Depois vieram os livros aos quais não prestei muita atenção. Até que um dia, por sugestão de uma amiga, comecei a ler "O Codex 632". Adorei! E desde então já li todos os seus romances.
Adoro a sua escrita, a forma como nos prende à acção, a imensa investigação que faz e nos apresenta de tal forma que um leitor sem qualquer conhecimento científico consegue perceber as bases da física quântica (em "A Fórmula de Deus").
De todos os seus romances, destaco "A Ilha das Trevas". Foi o seu primeiro livro e leva-nos a vivenciar os conflitos em Timor-Leste na pele. Como se fossemos arrastados para um pesadelo do qual não podemos escapar e onde a tão afamada luz ao fundo do túnel está longe e apagada. Foi um livro que me marcou pela sua crueza, pela força das imagens, pela sua dimensão humana.
Esta foi a vez de fechar as 600 páginas do seu último romance e colocá-lo, junto aos outros, numa prateleira de destaque. "A Vida num Sopro" fala sobre a vida no Portugal dos anos 30, quando Salazar instituiu o Estado Novo e quando mais tarde rebentou a Guerra Civil em Espanha. Conta-nos de um amor condenado, marcado inevitavelmente pelas vicissitudes dos tempos.
Qual o valor da vida humana em detrimento do "bem da nação"?! A dor ao aceitar a impossibilidade de enfrentar o peso do Poder...
Vale a pena! Faz-nos pensar sobre o que somos...

2 comentários:

  1. Lindona, eu cá acho que gostos não se discutem, mas já agora fica a minha opinião sobre o único livro dele que li que foi exactamente "A vida num sopro": detestei, custou-me horrores a ler o livro, achei-o mal escrito, a história era pouco equilibrada, uma imitação muito pobre dum Camilo Castelo Branco, enfim. Um dos poucos livros que me arrependi de ter comprado nos últimos 3 anos, e olha que eu leio imenso!
    Mas tb é certo que já me disseram que o Codex e a Fórmula de Deus são espectaculares e sim, vou tentar arranjar tempo p'ros ler.
    Agora tou a ler um do Mia Couto chamado Jerusalém, é lindíssimo!! Bjs ;)

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  2. É giro ver como o mesmo livro pode gerar sentimentos tão distintos... Eu não acho que seja o seu melhor livro mas gostei imenso. Mas também te digo que gostei mais do "Codex", da "Fórmula de Deus" e do "Sétimo Selo" (são os três da mesma categoria na minha opinião...)

    Mia Couto, conheço e gosto imenso! Jerusalém ainda não li mas fica já na minha wishlist ;-p

    Bjs

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