terça-feira, 4 de agosto de 2009

Manhãs esquizofrénicas


A Velha espreita pela janela. Olha a vida lá fora através de um vidro marcado pelo tempo e não reconhece mais a sua rua. Há tanto tempo que não sente o sol na pele, o vento a bater-lhe na cara, o toque fugido de um desconhecido.
Alguém trancou a porta e não voltou. Virou costas sem olhar para trás. A chave, essa, foi esquecida. Algures...
Parecerá cruel a quem nunca tenha sentido o seu abraço. Aquele toque paralisante que nos suga sempre um pouco de alma. O seu beijo malicioso que nos rouba a alegria.
Mas a atracção pelo abismo é grande. E a Velha está sempre à janela... Esperando uma frecha inesperada por onde se possa escapar. Querendo acalmar a sede, tornando cativos os que ainda riem...
 

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