Sessões de Estudo

Local: Um qualquer eetcafe em Leiden

Protagonistas: Uma holandesa, uma chinesa, uma indiana e uma portuguesa

Tema de discussão: Selecção de pontos de acupunctura de acordo com os padrões sintomáticos apresentados

Espalhados pela mesa estão grandes calhamaços, chávenas de chá de menta, cadernos de apontamentos, canetas. Cada qual tem a sua forma específica de abordar o tema e o estudo em geral.

A indiana, uma senhora de meia idade, já sente dificuldade em decorar toda a informação que nos é exigida. Detém-se em detalhes que se revelam interessantes na resolução dos desafios. Desespera facilmente e assume uma postura derrotista: "ai, ai... eu não vou conseguir decorar isto tudo a tempo do exame... sou tão lenta..."

A holandesa, ex-atleta profissional, tem o sangue na guelra. É a primeira a tirar elações acerca das perguntas e está sempre a postos para pesquisar informações no montão de papéis e livros que traz na sua mochila.

A chinesa é médica. Mantém este seu interesse pela medicina chinesa um segredo perante os seus colegas. É uma mulher reservada, séria, calma e fala pouco. Tem uma visão da globalidade das coisas, útil para fazer encaixar as peças e melhor nos ajudar a compreender a dimensão daquilo que estamos a estudar.

A portuguesa (eu, claro está!) chega sempre atrasada. Leva as coisas com ligeireza e é a única que faz piadas. Apanha as discussões no ar e de vez em quando sai-se com uma tirada de mestre. Parece que anda a ver passar os eléctricos mas isso é apenas porque, como é própria da sua raça, deixa a maior parte das coisas para a última e enquanto não sentir a adrenalina a fervilhar não stressa... 

"Ainda há tempo, pá! Vai correr tudo bem!" Na véspera vai ser vê-la a dormir com os apontamentos debaixo da almofada e a revê-los na viagem de comboio na manhã do exame. E com a sorte dos desenrascados vai deparar-se então com aquele pormenor que fará toda a diferença para a nota final.

E assim vão os meus encontros de estudo... No caminho para casa muitos eram os que pescavam à beira do canal enquanto os patinhos, na margem, espreitavam serenos...