segunda-feira, 7 de abril de 2014

Ter ou não ter filhos... Eis a questão...

   Sou mulher, tenho 36 (quase 37) anos, sou casada há 10 anos e não tenho filhos. Aparentemente isto faz de mim um ser estranho, com problemas psicológicos e emocionais diversos, a minha vida é despojada de sentido e não tenho quem cuidará de mim na minha velhice! Poupem-me! Por favor, poupem-me!


   Desde há muito que a pergunta "então quando é que têm meninos?" nos é lançada por tudo quanto é gente. Desde as vizinhas dos pais, os familiares, os amigos, os colegas de trabalho, o sr. do café, a sra das limpezas, o carteiro, o varredor da rua, etc, etc, etc. Como os "meninos" não apareceram e a resposta sempre foi muito vaga, noto que com o tempo esta pergunta foi deixando de ser tão frequente entre quem nos conhece. Mesmo assim, sinto que há sempre quem continue curioso e "preocupado" com a questão que apenas me diz respeito a mim...
   A mim isto sempre me tirou do sério pois a resposta que sempre me apetece dar é "e se te metesses na tua vida e me deixasses em paz, ahm?!". Porque raio é que eu tenho de parir para ser mais mulher? Mas final quem é que manda no meu útero?
   Ultimamente, a pergunta ganhou novos contornos e tem sido talvez ainda mais intrusiva "Queres ter filhos?".... Será que é assim tão estranho que eu não saiba categoricamente a resposta a esta pergunta? Se eu própria não tenho certezas como e que eu posso responder a terceiros sobre algo que é tão íntimo e tão pessoal?! E não seria de esperar que eu não queira ter conversas filosóficas de tamanha importância com o leiteiro?!
   Durante anos acreditei que nunca iria ter filhos e estava feliz e tranquila com essa decisão. Depois houve uma altura em que julguei que isso fosse acontecer mas a vida teve outros planos para mim e sei que foi melhor assim. Hoje não consigo dizer a 100% que não gostava, ou que não quero ter filhos, no futuro (que tenho plena consciência não poderá ser tão distante quanto isso) mas neste preciso momento ainda não faz parte dos meus planos.
   Gosto de crianças, tenho jeito para miúdos que normalmente gostam das minhas palhaçadas, consigo brincar e manter autoridade ao mesmo tempo, e tenho muita experiência em mudar fraldas, dar banho, dar de comer, contar histórias antes de ir dormir, etc. Tenho 5 sobrinhos e vários priminhos mais novos por isso sempre fui a babysitter de serviço ;-) Aparentemente, isto causa ainda mais confusão na mente dos curiosos pois não podem desculpar a minha escolha com a falta de carinho para dar e com o "egoísmo típico daqueles que não querem procriar".
 
   Ontem fomos visitar uma bebé que nasceu na semana passada. É muito pequenina e não pesa mais que uma pena ;-p Gostei de ver os pais babados e felizes com a sua princesinha. Cheguei a casa e deparei-me com este artigo que me fez rir e acabou por me fazer escrever este post.
   O meu excerto favorito:  "Kids give your life meaning!" No, kids give YOUR life meaning. Lots and lots of other things give my life meaning. And also, I hope kids aren't the only thing that give your life meaning, because that makes me sad."

14 comentários:

  1. É uma pergunta abusiva e que revela muita falta de educação e de sensibilidade. Imagina perguntar isso a quem quer ter filhos, mas não pode e esteja a passar por anos de tratamentos sem resultados (e acontece frequentemente ). Sabemos lá nós o que se passa na vida íntima das pessoas...( e nem temos de saber). É uma questão intíma, pessoal, privada. Ponto. Diz respeito à mulher e ao casal. E se não querem ter filhos, estão no seu direito. E se ainda não sabem, é lá com eles. É isso e perguntar: "Quando é que arranjas um namorado?" ou "Quando é que te casas?". Não há paciência...Deixem lá as pessoas serem felizes à maneira delas! Desculpa lá o desabafo, mas são perguntas que me tiram do sério. Não gosto de atitudes abusivas. Boa sorte para os teus projectos de vida, Ceres! Passem ou não pela maternidade... ;-) Haja saúde, que é o principal.

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  2. sendo eu mãe, queria dizer que percebo quem não queira ter filhos. Cada um sabe o que o faz feliz e se isso significa não ter filhos, sejam felizes não sendo pais. Porque mais vale não o serem de todo, do que serem por pressão disto ou daquilo, deste ou daquele, e não serem felizes, e por arrasto os seus próprios filhos serão também pouco felizes (digo eu...)
    acho que ninguém deve explicações nenhumas a ninguém... e isso sim irrita-me. Cada toma as suas próprias opções de vida e não tem nada que andar a justificar-se perante os demais, conhecidos, amigos e familiares.

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    1. Eu concordo contigo que não nos devemos justificar mas acredita que há muito boa gente que se acha no direito a ouvir essa explicação. E sei que também as mulheres que escolhem ser mães são elas atropeladas com as questões: "Quando vem o segundo? A menina? O menino?" etc, e deve ser igualmente frustrante!

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    2. Nem sempre, no nosso caso nunca nos perguntaram "quando vem o segundo"

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    3. Pudera tu tiveste um "dois em um", Eugénio ;-p

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  3. Grande post Ceres, acredito que te tenhas sentido mais aliviada depois de o escrever :)

    Tenho a mente bastante aberta quanto a este tema, e a minha posição é de que cada um deve fazer as opções que quiser e este mundo será um mundo muito melhor se todas os bebés que nascerem forem fruto de uma vontade do casal (não por pressões, não porque é o "curso normal" da vida, não porque há incentivos sociais para casais com filhos), sobretudo porque o planeta já tem mais seres humanos do que o que seria desejável.

    Eu digo muitas vezes que se tivesse oportunidade de viver várias vidas as viveria de formas bem distintas (uma em família com grande número de filhos, outra sem filhos e permanentemente em viagem, uma solteiro, etc etc). Mas como só temos uma vida, a escolha tem mesmo que ser feita.

    No meu caso creio que não lidaria bem com a opção de não ter filhos, primeiro porque há aquele instinto animal de passar os meus genes (todos os meus ascendentes o fizeram e não gostaria de ser a ponta do ramo da árvore genealógica ). Ainda mais importante que isso é a vontade de educar. Tenho imensa vontade de ajudar a formar um ser humano interessante, com bons valores e inteligente.

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    1. Sim, confesso que senti algum alívio ;-p

      Tu também pedes pouco, pá! Quantas vidas querias mesmo?! lol

      O que gosto e admiro são pessoas que, embora tomam decisões distintas, respeitam e até compreendem pontos de vistas diferentes. Por isso, obrigada :D

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  4. Como compreendo, sinto o mesmo. Agora menos já, é, como se tivessem desistido de mim! E ainda bem, passo bem sem isso... cada um com as suas decisões, é mesmo só deixar viver.

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  5. Ai que eu poderia ter escrito isto tim-tim por tim-tim. Sou um bocadiiiiinho mais nova mas as conversas sobre os filhos já são uma constante há anos e eu lá vou dizendo que não quero, que não tenho vida nem paciência pra filhos, que não é um plano a longo prazo sequer. A reacção é indescritivel. Agora rio e já não me faz diferença mas no inicio tirava-me do serio as pessoas acharem que por ser mulher tenho que parir (com o perdao da palavra). Por isso, adorei o texto. BJ

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    1. :-) É bom saber que não sou a única a sentir-me assim...
      Bjs

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