domingo, 24 de março de 2013

A importância da "carreira"


   Devo confessar que nunca fui daquelas pessoas com objectivos definidos, caminhos delineados e a ambição de uma carreira.
   Enquanto criança achava que queria ser jornalista quando fosse grande. Quando entrei para a faculdade entrei na segunda opção, Estudos Portugueses, e como gostei muito do curso continuei. No quarto ano, enquanto todos começámos a pensar o que fazer quando acabássemos o curso, logo decidi que não queria seguir a via de ensino. Acabei por fazer uma especialização em Revisão de Texto e julguei ter encontrado uma alternativa. Trabalhei com uma editora por mais de dois anos, em modo de freelancer mas como com a idade passei a ter responsabilidades e a ter contas fixas para pagar, por isso acabei por trabalhar nas mais diversas áreas. Eu passei pelos seguros, pelo ensino de inglês, pelas telecomunicações, pelos recursos humanos e pela formação e controlo de qualidade, etc. etc. (isto em três países diferentes!). Fiz também formações no Cenjor na área de jornalismo, estudei escrita criativa, tirei o CAP, aprendi noções de webdesign, fiz dois cursos de fotografia (à moda antiga, com revelação e uma máquina totalmente manual) e inclusive um curso de teatro no IFICT. Estudei massagem e medicina chinesa (cujos estudos ainda não terminei mas que quero definitivamente continuar!).
   Não me arrependo de ter saltitado de emprego em emprego, de ter mudado de país 3 vezes nos últimos 7 anos. As experiências que vivi, as pessoas que conheci e a grande capacidade de adaptação que desenvolvi fizeram de mim uma pessoa muito mais rica intelectual e emocionalmente. E não trocaria isso por nada!
   Contudo, tudo isto faz com que tenha de começar sempre do zero quando começo um novo emprego. Algumas foram as vezes em que senti estar a dar dois ou três passos para trás. E por vezes isso acarreta consigo alguma frustração. Embora racionalmente compreenda perfeitamente que assim tem de ser e saiba que isso é o resultado das minha próprias opções.
   Aqui tive a sorte de poder explorar mais uma área, a financeira. Fui contratada por uma empresa estável onde existem possibilidades de crescimento e ao fim de 5 semanas estou feliz com esta nova oportunidade e desafio. Contudo, mais uma vez tive de dar um passo atrás e por vezes é frustrante o sentimento de que estão "a ensinar a missa ao padre". Durante o período de formação houve alguns momentos em que senti inclusive alguma condescendência e tive de engolir o sapo com um sorriso amarelo na cara ;-p
   A caminho dos 36 anos, sinto que este é momento para parar e reflectir sobre as minha opções, escolhas e o caminho seguir daqui para a frente. Temos muitos amigos que escolheram um percurso muito diferente e lutaram por uma carreira e fico extremamente orgulhosa do atingiram com o seu esforço, trabalho e a sua entrega. Outros seguiram o que era esperado de si, fizeram o percurso dito "normal"(estudos, emprego estável, carro, casa e família) mas hoje vivem frustrados, insatisfeitos, presos a um emprego que não lhes traz prazer e sentem-se tristes por não terem tido a coragem de arriscar. 
   Não existe uma fórmula perfeita ou correcta. As prioridades variam de acordo com o indivíduo e não há certo ou errado, o preto ou o branco. O importante é que cada um seja fiel às sua convicções, tenha a coragem de seguir os seus sonhos e que encontre a sua própria felicidade!

6 comentários:

  1. E essa dualidade é tão lixada...

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    1. Há momentos lixados... Mas até hoje tentei sempre seguir o meu coração e aquilo que acreditava ser o melhor para mim por isso não me posso queixar ;-) E assim quero continuar...

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  2. Nao existe mesmo formula perfeita. Acho que o segredo 'e ir tendo coragem de mudar, de se adaptar. Gostei muito do texto. Beijinhos

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  3. Que não me falte a coragem e o optimismo ;-) bjs

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  4. Gostei muito do seu texto.
    Mafaldinha

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