quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O caos ao virar da esquina


Ainda não consegui vir aqui falar dos motins em Londres e arredores porque o sentimento que me domina ainda é o da incredulidade... Olho para as imagens nos telejornais e tenho que me forçar a acreditar que aquilo se passa a poucos kms de mim e não num país qualquer do Médio Oriente...

A população está receosa, assustada e triste. As opiniões sobre quais as medidas a tomar dividem-se e entretanto inocentes vão perdendo os bens que levaram uma vida a acumular...

É interessante ver como diferentes pessoas encaram a mesma situação de modo tão distinto. Os meus colegas estrangeiros pensam que a solução passa pelo recurso ao exército, canhões de água, gás lacrimogéneo, etc... Os meus colegas ingleses são mariquinhas, tem medo de represálias e ainda pensam no politicamente correcto e nos direitos humanos destes selvagens...

Eu só me apetece sair por aí fora à estalada pois estes parasitas tiram-me do sério!!!

A família e os amigos em Portugal vêem as notícias e mandam mensagens preocupados. Eu contacto com os amigos em Londres e arredores e ofereço guarida. Vivemos agarrados aos noticiários e esperamos que os "putos" não cheguem à nossa zona.

Felizmente, a zona onde moramos e trabalhamos não foi afectada por esta loucura mas nem por isso me senti mais segura... É uma sensação surreal... Algo que nunca antes tinha sentido... Talvez o mais parecido tenha sido quando o Bush (pai) declarou a guerra no Golfo Pérsico e eu, miúda, vivia nos EUA e encontrei-me pela primeira vez num país que brincava aos soldados à séria. Mas mesmo assim era sempre lá longe e isso, descobri agora, faz toda a diferença!

Por cá, as coisas parecem estar finalmente a acalmar mas a destruição deixou marcas enormes. E não foram só os prédios ou carros que arderam, foram as marcas invisíveis que ficaram em cada um de nós. A perda de inocência, o medo, a falta de confiança naqueles cuja função é proteger-nos, a tristeza e angústia que habitaram tempo demais no nosso coração...

11 comentários:

  1. Ceres, é sempre bom ler a opinião sobre os tumultos, escrito por uma pessoa que está tão perto. Por aqui é unânime que a polícia inglesa parece que quase que "pede desculpa" por estar na rua! Olha que se fosse com a nossa polícia de choque, os arruaceiros apanhavam e bem, como sabes!

    ResponderEliminar
  2. Pois é, Manuela... Eu também acho que a polícia devia de "arrear" forte e feio e talvez os fulaninhos ganhassem algum medo e pensassem duas vezes antes de roubarem e destruirem simplesmente pelo prazer de fazerem mal...

    ResponderEliminar
  3. Sabes, eu sei que nós somos todos estrangeiros noutro País, mas nestas alturas entendo perfeitamente a vontade de tanto País de fechar as portas à emigração juntamente com um grande pirete. É que esses fdps que estão a destruir Londres por puro prazer e as famílias e os negócios de tanta gente que se esforça todos os dias por trazer o pão pra casa, merecem padecer de fome a sério, de falta de casa, de condições.
    Depois de tantos anos a aturar putos raivosos em Portugal, a minha comiseração para com esta gente é ZERO. Uns tiros de chumbo no cú a doer à sério e haviam de ver. Brancos, vermelhos ou pretos ou amarelos, dói a todos! Ex-colónias my ass!
    (já agora, só em jeito de PS: não sei se assististe alguma vez ao AJAX ganhar o campeonato, mas posso-te dizer que andei bem borradinha na rua. Não sei se os Holandeses seriam tão simpáticos com esses...coiso!)

    ResponderEliminar
  4. Sejam emigrantes ou não (a grande maioria até é inglesa!) merecem todos o mesmo tratamento. E concordo contigo, uns tiros de chumbo do cú é o que precisavam!
    Penso que em qualquer outro país a polícia teria tomado medidas mais drásticas e acredito que na Holanda as coisas não teriam chegado a este ponto!
    Felizmente parece que as coisas estão a acalmar... esperemos...

    ResponderEliminar
  5. Os Hooligans Holandeses são considerados os piores do futebol, pior que os Ingleses, logo em termos de vandalismo, estes tipos aqui tb não vão de modas,(e tu sabes), mas a polícia aqui não é branda, embora pareça quase não se ver. É interessante poder fazer esta comparação, não é?
    Já leste o último livro do Ken Follet? Ele fala sobre a actitude dos ingleses na primeira grande guerra mundial. Com base em discursos no parlamento que sao verídicos, e também com documentação de jornais, sufragistas e afins, e traça uma caracterização dos ingleses mto caricata como coninhas, irrealistas, indecisos, arrogantes acima de tudo, e ... lê, a sério, vais gostar. É um bom retrato da sociedade londrina e de como (pouco) mudou. beijos e se te passares dos carretos mulheriiii, tens sempre aqui uma casa!

    ResponderEliminar
  6. Muito bem escrito Ceres, concordo na integra... Pela blogosfera fora consigo ver que a opinião dos Portugueses que por cá andam é exactamente idêntica, um sentimento de revolta e vergonha...

    Acho bem que se respeitem os direitos humanos, mas apenas daqueles que se comportam como tal.

    O mal, é na essência o facto deste jovens nunca terem visto pais ou avós a trabalhar, e a desabafar o quanto custa ganhar a vida de forma honesta. Nunca se sentaram à mesa para partilhar uma refeição com o resto da família, e sobretudo devido ao facto de terem chegado aos 15-16 anos sem que nunca em momento algum tenham sido contrariados... Nunca foram impedidos de fazer o que quer que fosse (sair à rua, gritar, roubar etc)...Nunca um familiar lhes disse "NÃO podes fazer isso"... É complicado, mas a verdade é que (e infelizmente) a única forma de se compartarem de forma ordeira numa sociedade seja pela imposição da força e MEDO das autoridades (que como disse antes, nunca sentiram)

    ResponderEliminar
  7. @ Andorinha,
    Boa dica! Acabei de ler o último do José Rodrigues dos Santos e agarrei-me finalmente à trilogia millennium. So far so good. Mas vou com certeza guardar a dica :)
    Beijocas e obrigada pela guarida ;p

    @ Eugenio,
    É de facto como dizes, uma geração que cresce sem quaisquer valores, limites ou exemplos de boa conduta... Mas a liberdade deles termina quando começa a dos outros e foi isso que as autoridades não conseguiram impor. Como é que se pode falar em direitos quando eles são os primeiros a desrespeitar os direitos alheios?!

    ResponderEliminar
  8. (adoro a triologia Millennium, apanhei um escaldão à conta do último livro que nem te digo nem te conto!)
    Já agora, só pq há pouco fui muito injusta com os emigrantes, fica aqui a notícia (q se calhar já viste): http://publico.pt/Mundo/os-criminosos-sao-operarios-estudantes-homens-mulheres-e-ate-criancas_1507183

    ResponderEliminar
  9. Sim, de facto foi um grande" tudo ao molho e fé me deus". Hoje veio também nos jornais o caso de uma jovem de vinte e poucos anos, dita "privilegiada". Os pais têm uma quinta com courte de ténis e tudo, a menina andou sempre nos melhores colégios e nunca lhe faltou nada e foi apanhada com 5.000 libras em electrodomésticos!
    Anda tudo louco!

    ResponderEliminar
  10. Olá Ceres,
    Pelo que me apercebi, pois ultimamente não tenho visto muita televisão, são de facto jovens, mas tinha a ideia, pelos vistos errada, que eram essencialmente jovens de origem estrangeira, jovens que quanto a mim, nem pertencem aí onde alguns até teriam nascido, nem à terra dos pais. Mas afinal são mesmo ingleses? Já em França aconteceu e continua a acontecer, agora é aí, possivelmente vai estender-se a outros países. Não o desejo, claro, mas será o mais certo. Também me parece que a polícia daí está a tratar o assunto apenas com panos quentes. Se fosse por cá, também não acredito que chegasse a tanto. Oxalá as situação normalize, pois até parece mentira o que se está a passar.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  11. Minha querida,
    Felizmente está tudo a acalmar. A destruição foi grande e agora é hora de arregaçar as mangas, limpar e reconstruir toda a devastação que estes selvagens deixaram atrás de si.
    Enfim... Foi um valente susto mas parece que está a passar... Vejamos...
    Um grande beijinho e bom fim de semana :)

    ResponderEliminar