terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Carpe Diem...

   Ontem o mundo parou com os olhos postos num café em Sydney. Um louco tinha feito dos clientes e empregados de um café no CBD (um total de 17 pessoas!) reféns e obrigou-os a colocar uma bandeira islâmica na montra.
   As especulações foram muitas e ao longo do dia ninguém largou as notícias, na televisão, nos jornais online, nas redes de social media. A situação prolongou-se por 17 horas consecutivas e teve um final trágico.
   O sentimento de incredulidade estava estampado no rosto de todos. O medo de uma ataque terrorista era grande mas as mensagens constantes do Primeiro Ministro, do Presidente do estado de New South Wales, dos comissários da polícia ao longo do dia pediam para que as pessoas não se deixassem dominar pelo medo.
 
   Sei que é um chavão, mas de cada vez que me deparo com a fragilidade da nossa vida penso sempre que não devemos desperdiçar as coisas boas que temos. Temos de aproveitar ao máximo a magia de cada novo dia e temos de dar graças por tudo o que temos. Pois, de um momento para o outro tudo muda. Carpe Diem...
   O meu sogro morreu de um momento para o outro, com um ataque cardíaco fulminante sem nunca ter tido problemas cardíacos. A minha irmã morreu com um cancro no esófago aos 38 anos. Uma das minhas melhores amigas soube na mesma semana que ambos, o pai e a mãe, tinham um cancro terminal. Uns conhecidos nossos acordaram uma manhã e encontraram o seu bebé de 14 meses morto no berço.
  Por todas estas e mais algumas experiências, tento gozar o presente por que há alturas em que a vida é simplesmente fodida!

   Mas algo de muito bonito e positivo aconteceu ontem na Austrália enquanto este louco mantinha inocentes como reféns. Surgiu uma campanha nas redes sociais, nomeadamente no Twitter, contra qualquer acto de discriminação contra o povo muçulmano. Um povo, uma comunidade, não pode ser condenado pelos actos de um lunático megalómano cujos ideais estavam tão destorcidos que só sabia responder com violência.
   A campanha chama-se "I´ll ride with you" e começou com pessoas a oferecerem-se para acompanhar cidadãos muçulmanos que tivessem receosos de apanhar transportes públicos com medo de represálias. Podem ler mais AQUI.


   Hoje, no rescaldo destes acontecimentos há um sentimento de tristeza pelas vidas perdidas, pelas vítimas que jamais recuperarão por completo, por nós que perdemos a ilusão de que estamos seguros quando entramos num café.

2 comentários:

  1. Assustador! Gelei. E ainda hoje li o que aconteceu numa escola paquistanesa que foi atacada por talibãs...

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    1. Sim, também vi! O mundo anda virado do avesso :-( Mas quando estas coisas acontecem "à nossa porta" tornam-se de certa forma mais reais e mais assustadoras pois tomamos consciência que ninguém está a salvo ou seguro...

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